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Edifício e estrutura Edifício Educativo Faculdade
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Descrição
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Planta trapezoidal simétrica pelo eixo longitudinal, definida essencialmente por duas alas fechadas a N. e a S. pelos corpos que dão forma aos alçados principal e posterior, descrevendo os corpos laterais um traçado convergente no sentido da frontaria e divergente na fachada voltada ao hospital de São José. Ao centro, um pátio interior descoberto. Tem 3 pisos, sendo o último amansardado, e coberturas diferenciadas em telhados de duas ou mais águas. |
Acessos
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Campo Mártires da Pátria, n.º 130 |
Protecção
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Incluído na classificação do Campo dos Mártires da Pátria (v. IPA.00005967) |
Enquadramento
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Urbano, isolado; localiza-se no topo S. do Campo dos Mártires da Pátria, para onde se volta a fachada principal. No espaço fronteiro marca presença a estátua de Sousa Martins e no imediatamente envolvente levantam-se edifícios com ocupações igualmente associadas ao estudo, investigação e assistência médico-hospitalares, tais como: o Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (v. PT031106240448), ocupando vasto quarteirão a O.; o Instituto de Medicina Legal (v. PT031106240486), a E.; e o Hospital de São José (v. PT031106240131), cuja área confina com o alçado posterior da escola. Na zona existem outros imóveis que albergaram funções educativas (Faculdade de Letras e Faculdade de Direito), conferindo à zona uma memória residual da vida académica na primeira metade do séc. 20. |
Descrição Complementar
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A decoração exterior e interior beneficiou de especiais cuidados, colaborando nela diversos artistas nacionais. A inspiração geral partiu de temáticas afins à medicina, em particular à sua história, tanto remota como recente, com intuitos evocativos, comemorativos e pedagógicos. Moreira Rato deu forma aos 12 medalhões inscritos na fachada este e oeste do edifício, estando neles esculpidos os rostos de médicos portugueses famosos *2. Outras obras escultóricas se podem encontrar, como o busto de Manuel Bento de Sousa, situado no pátio interior, obra de Teixeira Lopes; estatuária alegórica, representando a Medicina e a Ciência, esta última de Costa Mota, pertencendo ainda a este escultor o busto de Miguel Bombarda, localizado no átrio. O recurso a outras técnicas de ornamentação é especialmente visível na Sala dos Passos Perdidos, na Sala dos Actos e na sala de reunião dos Juris. Sala dos Passos Perdidos: 5 painéis de azulejos historiados da autoria de Jorge Colaço figurando episódios da história da medicina - "Santa Isabel entre os leprosos de uma gafaria do século XIV" / "A rainha D. Amélia no dispensário de crianças em Alcantâra" / "O cirurgião Ambroise Paré em pleno campo de batalha, socorrendo feridos de guerra" / "A ciência sacudindo as superstições lendárias da Humanidade" / "E a figura de João Semana ...". Sala dos Actos: friso de frescos de Veloso Salgado, incidindo igualmente sobre aspectos da história da medicina, e tecto de João Vaz. Os frescos de Veloso Salgado, a começar pela parede oposta ao retato do Rei D. Carlos e seguindo os ponteiros do relógio, representam: "A Medicina Religiosa" com as figuras de Panaceia, Jaso, Pluto, a estátua do Deus Esculápio, Telésforo e Hiprocon; "O Ínicio da Ciência" com as figuras de Anaximenes, Anaximandro, Heráclito, Tales de Mileto, Pitágoras e seus seguidores; "A Medicina Científica" com as figuras de Platão, Empédocles, Teofrasto, Aristóteles, Demócrito, Hipócrates, Erasistrato e Herófito; "A Medicina na Idade Média" com as figuras de Celsus, Dioscórides, Galeno, Alexandre de Tralles e Paulo de Egina; "A Medicina Árabe" com as figuras de Abulcasis, Avenzoar, Maimónides, Razés, Avicena, Mesué e Mesué o Novo; "Medicina da Renascença" com as figuras de Eustáquio, Vesálio, Paracelso, Falópio, Miguel serveto, Cesalpino, Willam Harvey, Marcelo Malpighi, Gaspar Aselli, Anton Van Leeuwenhoek, Jerónimo d'Acquapendente, Ambroise Paré e Constâncio Varólio; "A Medicina dos séculos XVIII e XIX" com as figuras de Jean Van Helmont, René Laennec, Luigi Galvani, Hermann Boerhaave, Edward Jenner, Antoine Lavoisier, Giovanni Morgagni, Robert Koch, Albert Billroth, Pierre Roux, Joseph Lister, François Bichat, Rudolf Virchow, Guillaume Dupuytren, Dominique Larrey, Jean Flourens, Claude Bernard e Jean Martin Charcot; "Os Portugueses" com as figuras de António de Almeida, Manuel Bento de Sousa, Câmara Pestana, Manuel Constâncio, Sousa Martins, Ribeiro Sanches, Garcia da Horta, Amato Lusitano, António Bernardimo de Almeida, Zacuto Lusitânio, Lourenço da Luz e Ambrósio Nunes . Sala dos Juris: tecto pintado por Malhoa. A Columbano deu-se a tarefa de imortalizar na tela antigos professores da escola, 4 quadros expostos na Sala do Conselho *3. |
Utilização Inicial
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Educativa: faculdade / instituto superior |
Utilização Actual
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Educativa: faculdade / instituto superior |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Educação |
Época Construção
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Séc. 19 / 20 / 21 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETOS: Gonçalo Byrne (2004); José Maria Nepomuceno (1906); Leonel Gaia (séc. 20); Nuno Brandão Costa (2003-2005); Thomas Zinterl (2004). ENGENHEIRO: Cabral Couceiro. ESCULTORES: Costa Mota, Moreira Rato, Teixeira Lopes; PINTORES: António Monteiro Ramalho, Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), João Vaz, José Malhoa, Veloso Salgado, João Vaz, José Malhoa, António Monteiro Ramalho. PINTOR DE AZULEJO: Jorge Colaço (1868-1942). Alves Cardoso. |
Cronologia
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Séc. 19 - elaboração do projecto assistido por uma comissão científica da qual faziam parte Arantes Pedroso, Bettencourt Pita, Curry Cabral e Miguel Bombarda; 1890 - dá-se início à construção da Escola Médica, consagrando-se simbolicamente este momento com o lançamento da primeira pedra pelo então Ministro do Reino, que acumulava interinamente a pasta da Instrução Pública, António Cândido; 1899 - início da construção; 1906 - realiza-se no edifício o XV Congresso Internacional de Medicina; trabalha no local o arquiteto José Maria Nepomuceno; 1911 - começam a funcionar regularmente as aulas na que é já a Faculdade de Medicina de Lisboa, resultante da reforma do ensino protagonizada pelo nóvel regime republicano; 1954 - o Hospital escolar de Santa Maria passa a suprir as necessidades de formação médica, restando desocupado o edifício do Campo de Santana; julho - a DGEMN abre concurso de adjudicação para a realização de obras de adaptação no lado nascente do edifício com o objectivo de ali se instalar a Junta de Energia Nuclear, recentemente criada; 1955 - há notícia das obras efectivamente se encontrarem a decorrer embora seja abandonada, entretanto, a ideia de ali se fixar a referida Junta, surgindo a pretensão do Ministério da Educação vir a utilizar todo o edifício para o Instituto de Alta Cultura; 1961 - o Instituto de Assistência aos Menores solicita ocupação transitória de uma parte do imóvel, pedido recusado por se encontrar em estudo no MOP a adaptação do edifício para os serviços centrais do Ministério da Saúde, dentro dos "seus planos de construção de edifícios públicos para instalação de ministérios" (DGP: Proc.2-LFB-F-50); feitura de um projecto não concretizado pelo arquiteto Costa Martins; 1973 - cerca de 20 anos depois da Escola ter deixado de funcionar, nenhuma ocupação se efectivou: a tradição e simbolismo do edíficio leva algumas vozes a destinarem-lhe serviços prestigiados, como por exemplo a instalação da Bolsa; 1977 - finalmente, e após exigido restauro por décadas de desocupação, é restituída à sua função inicial a Antiga Escola Médico-Cirúrgica, aberta para receber os alunos da nova Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa; 2003-2005 - ampliação de uma das alas do edifício, para criação de salas de aulas suplementares, da autoria do arquiteto Nuno Brandão Costa; 2004 - extensão da faculdade, com a contrução de um novo edifício, destinado a laboratórios e estacionamento, da autoria dos arquitetos Thomas Zinterl e Gonçalo Byrne. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Cantaria, mármore |
Bibliografia
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AA.VV. - Guia da Arquitetura de Lisboa, 1948-2013. Lisboa: A+A Books, 2013, p. 36-37; BOMBARDA, Miguel, Anuário da Escola Médico-Cirúrgica para o ano 1900-1901; A velha e a nova Escola Médica, Ilustração Portuguesa, S.2, nº4, Mar.1906; VILHENA, Henrique de, A Escola Médica do meu tempo (1898-1904), Imprensa Médica, nº4, 1937; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; ALMEIDA, Fernando de (dir.), Edifícios e Monumentos Notáveis do Distrito de Lisboa (t. 2), Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1975; MARTINS, F. A. de Oliveira, Evocação das origens da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, Olisipo, 1976; Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; FRANÇA, José-Augusto, A Arte em Portugal no Século XIX, Lisboa, Bertrand, 1990 (3ª ed.); ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa (livro IV), Lisboa, Vega, 1992; Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; Plano Director Municipal, Lisboa, CML, 1995; Campo de Sant'Ana, Uma das Sete Colinas de Lisboa, Lisboa, Universidade Nova de Lisboa, 1995; Carta Topográfica da Cidade de Lisboa, 1856-58, Lisboa, Instituto Português de Cartografia e Cadastro, 1995; DORIA, José Luís, SILVA, Hugo Gomes da, Viagem pela medicina com as pinturas de Veloso Salgado, Faculdade de Ciências Médicas / UNL, Setembro, 1999. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSEP, DGEMN/DNISP, DGEMN/DREL/DEM, DGEMN/DREL/DRC/DIE; DGARQ/TT: Ministério do Reino; Fundação Medeiros e Almeida |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; CML: Arquivo Fotográfico |
Documentação Administrativa
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DGP: Proc. nº2-LFB-F-50 |
Intervenção Realizada
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2003-2005 - ampliação, em altura, de uma das alas do edifício, para criação de salas de aulas suplementares, projeto da autoria do arquiteto Nuno Brandão Costa; 2004 - ampliação, da autoria dos arquitetos Thomas Zinterl e Gonçalo Byrne, criando um edifício novo para laboratórios e estacionamento subterrâneo. |
Observações
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EM ESTUDO |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 1998 / 2002 |
Actualização
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